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quem somos? somos tantos e tantas, tais, quais...

 

canta-me, ó Musa, ins-piração!!

 

​bom seria não precisarmos de palavras que nos descrevessem, assim, cada um talvez pudesse simplesmente SER e se sentir livre para se REINVENTAR, sem ter de responder a partir de significantes, significados, signos... lugares sociais imantados por atmosferas petrificadas...​

 

mas falar é necessário... alguém dirá... para ex-istir, inventar mundos... desejar... para nos tornarmos... humanos!!

 

para sairmos da infância, aquele período em que achamos que não é preciso falar, pois alguém vai compreender e dizer exatamente aquilo que queríamos dizer/ser/querer... tintim por tintim...

 

precisamos falar, sim, falar em relação aos O/outros, falarmos sozinhos, com um amigo, com a arte, com um psicanalista, dar um jeito de... ainda que a linguagem seja um cobertor curto, que não dê conta de nos esquentar completamente...

 

ainda que não possamos expressar com justiça o que nos é legítimo...

e o que nos é legítimo? saberíamos precisar?

 

​seguiremos em busca desse "tentar de novo, falhar de novo, falhar melhor"...

 

​falarmelhor!

 

apesar do frio, buscando outras formas de dizer... reinventando o falo...  bailando o sinthoma!!

 

o grego, por exemplo, tem uma coisa chamada aspecto, que na sua nuance durativa, juntamente com as noções de tempo e de modo, nos permite olhar para a perenidade da ação no verbo: ali onde há durativo, pode-se ser e continuar sendo, mas também mudar e continuar mudando.​..

 

mais ou menos isso... corremos o risco sempre de não sermos claros, ainda bem, porque assim continuamos a precisar a nossa fala e a nossa escuta...

 

é o imperfeito, o inacabado do verbo que justamente nos permite o movimento...​

 

não teria isso a ver com os conceitos de pulsão de vida e de pulsão de morte iluminados por freud?​

movimentar as pulsões... sermos por elas movimentados...

 

o caso é que, enquanto houver vida, haverá duratividade; e é possível fazer muitas e outras coisas nesse espaço de tempo: quem quiser, se quiser, se puder, até certo ponto etc...

 

morrer e reencarnar várias vezes na mesma vida, como disse um sábio, certa vez, independentemente de credos...​

 

mas, sem mais delongas, tentávamos responder quem éramos... uma pergunta crucial ao sujeito moderno, que procura modelar sua fala na ágora, na pólis, quem ele é, exige uma resposta talvez exata, se é que isso é possível...

 

Samea Ghandour é meu nome, se alguém perguntar.

 

Sou psicanalista, doutoranda, mestre e bacharel em letras clássicas/grego pela USP. No doutorado, pesquiso emoções na antiguidade, permeando a poesia dramática de Eurípides e de Menandro, e tendo Aristóteles como base.​

 

Estudo direção teatral, já fui atriz e morei na terra do Sócrates, num tempo em que achava que sabia tudo e que talvez só conseguisse me expressar em grego... Aidemim!!

E tem mais: 

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